9.6.11

Log I

Fiz uma escolha... Foi um bocado fruto do momento, como todas as escolhas do coração são. Nem sinto que tenham sido escolhas, sinto-as mais como caminhos que se tornaram tão óbvios, que as alternativas deixaram de ter qualquer interesse. Este começou escuro. Parei debaixo daquele arco de rosas cor de vinho que o inaugurava. Via alguns espinhos por entre as folhas, senti um arrepio leve. Agarrei os cotovelos e caminhei em frente, espreitando de vez em quando para confirmar se as estrelas ainda me estavam a ver. Entretanto deixei de sentir frio, o tempo está simplesmente bom. O caminho até agora tem sido sempre a direito e o chão é confortável e sólido. Agora entrei numa clareira. Sinto-me bem aqui. Vê-se bem a lua. Está dourada e grande. Sento-me encostada a uma árvore, mas só por momentos, e penso no universo paralelo onde podia ter entrado se tivesse continuado em frente. Não. Penso só que poderia estar num universo paralelo. Imagino que seria muito mais frio, mais árduo, menos confortável. Este universo, caminho, estado de espírito agrada-me.

7.6.11

Anxiety

Here you are, standing in the middle of a screaming crowd, your heart beating like thunder. You're staring at the stage and suddenly remember that moment 3 months ago, when you first heard your favourite band was going to play here today. And you remember how anxious you were for, how you couldn't wait for this moment. How you wished the concert was on that same day, how you wished you could teleport yourself to this very moment. You remember it so well. The way you felt, your lungs stopped moving, your heart jumped and your knees were bending and stretching ever so slightly, so that nobody would notice. And yet here you are, and it does feel like it was just this morning you stared at that poster on the bus station. Yes, you changed, you learned things, you had sad moments and hectic weeks and laughed like there was no tomorrow. Life happened. And yet, it still feels like it was just this morning...
This also goes for your first job, a date next week, your first dance show, a trial, 7 o'clock tomorrow morning, 6pm on friday...

13.12.10

Na Varanda

O vermelho escuro da seda no vestido dela quase fervilhava apesar do ar fresco da meia-noite na varanda. Ele fixara o olhar na linha invisível entre o pescoço e o ombro esquerdo dela. Estas pausas na conversação deixavam-no nervoso, sem palavras. Se tentasse usar o charme confiante que lhe garantia muitas noites sem solidão, conseguiria apenas balbuciar princípios de sílabas das palavras vazias insignificantes que funcionavam como magia nas mulheres supostamente confiantes, mas que não o quebravam porque ele sabia que a sua pele não era assim tão espessa e um toque suava a podia derreter. Mas estes lábios tão encarnados quanto o vestido, esta pele levemente beijada pelo sol e os caracóis saltitantes pendurados em espiral, caindo do apanhado improvisado no cimo da cabeça davam-lhe o ar de símbolo de paixão, calor estonteante, movimentos ondulatórios que ele sonhava só de olhar para a linha que invisivelmente separa o pescoço do ombro. Ela abafou uma palavra vazia com um sorriso leve. Pegou no copo dele e pousou-o junto ao dela, encostados à grade da varanda. A banda entrava num slow tão adequado que parecia cliché. Sempre na mesma calma enervante, ela continuava o movimento de largar o copo quase como uma coreografia mecanizada. Como se seguisse um livro de instruções que memorizara a pensar neste momento, tocou as mãos caídas ao longo do corpo dele levemente com as pontas dos dedos. Ele engoliu em seco, para controlar o arrepio que lhe correu do cóccix ao cume do cérebro. Os dedos subiram pelos braços. O olhar dele prendia-se agora no dela. Mas não era fixo. As pupilas não paravam. Entravam cada vez mais fundo e criavam um fio de aranha inquebrável. Chegando aos ombros, as mãos suaves deslizaram com força e agilidade pelo pescoço ate à nuca, continuando a prender os músculos dele e a libertá-los ao mesmo tempo. Com força, seguravam-se ao pescoço dele. E o sorriso de lábios rosado, calmo continuava a amordaçá-lo. Ela pegava nas mãos dele e pousava-as no fundo das costas, abaixo do fio que trazia à cinta. Dava um pequeno passo em frente, encaixando os pés intercalados com os dele. Respirava fundo, lentamente, e sorria. Provocava assim um sorriso equivalente nele. Ele já só imaginava como as suas mãos ficariam vistas do outro lado, agarrando mais mentalmente do que fisicamente o tecido firme e suave que a encarnava. Provavelmente sorria, imitava-a só, de tão embalado. Ela chegou-se mais perto, encostou o peito quase inteiramente descoberto ao dele e, com o mesmo sorriso, beijou-lhe os lábios. A tensão que antes lhe prendia os músculos agora bombeava o seu sangue para todas as extremidades do seu corpo. Sentia agora também o contraste da parede fria nas suas costas. Assim, de um impulso, agarrou os ombros dela e mergulhou nos seus lábios com grande paixão e vontade.

2.10.10

Turiskunft

ler com http://www.youtube.com/results?search_query=nine+inch+nails+lights+in+the+sky&aq=0
Acordou com o despertador de plástico, com um dos apoios partidos, aos berros que ecoavam no apartamento vazio. O telemóvel ficara sem bateria e precisava de acordar para uma entrevista de emprego ao fim da tarde. Levantou-se, abriu os cortinados, casa de banho, lavar os dentes, duche, quarto, armário, calças, outras calças menos apertadas, camisa, botas, casaco, mala, porta, café. Pediu uma meia-de-leite e uma torrada. Seguiu para o estacionamento, ligou o carro, arrancou e mudou de CD sem ver. O escritório ficava no centro da cidade. Cada vez era mais difícil encontrar estacionamento. Cada vez as pessoas eram mais impacientes nas entradas e saídas dos parques pagos. Evolui a cidade, retrocedem as mentes. Subiu no elevador, esperou meia hora na entrada do escritório e foi chamada. “Quais são os seus passa-tempos? O que gosta de fazer?” “Eu tenho várias ocupações: faço ginástica rítmica, dou aulas de respiração de yoga para idosos, e aos fins-de-semana costumo orientar um grupo de escuteiros, mas a minha carreira concentra-se na coordenação de recursos humanos em hotéis.” “Sendo assim, e observando na sua carta de candidatura espontânea, está principalmente interessada no cargo de Gestor do Departamento de Recursos Humanos.” A sua mente vagueou para a paisagem atrás da cabeça da entrevistadora. Via-se terraços de prédios e logótipos das empresas a quem pertenciam. Atrás, a silhueta azul pastel das montanhas fundia-se com o céu nublado. “Sendo assim, conte com o nosso contacto para a informar dos desenvolvimentos relativos à candidatura ao cargo. Em nome da Turiskunft, agradeço o interesse. Espero falar consigo em breve. Tenha uma boa tarde.” Despediu-se da Dra. Milena com um sorriso enquanto lhe apertava a mão, saiu. Corredor, vira à direita, elevador ao fundo. -2 G, colunas azuis. Roxo, laranja, amarelo, azul, aí está. Apetecia-lhe ver o mar. Mas ficava a hora e meia de carro. Mar. Quando deu por ela, tinha feito o percurso de volta para casa mecanicamente. E o mar? Fica para outro dia. Estava a um bloco da entrada do seu prédio. Viu um rapaz que estava no café, de manhã. Reparou que ele olhava pela janela para um grupo de jovens da sua idade na esplanada, tão entretidos com uma criança a brincar que nem sentiram o seu olhar a seguir os seus sorrisos irritantes, nem os seus ouvidos a arder de comichão com as gargalhadas. Ele agora caminhava cabisbaixo. Casaco verde lodo, as calças de um bege ou cinzento, discretas, que quase o camuflavam nos prédios monótonos. O jornal debaixo do braço. Que vida levaria esse fantasma da rejeição. Olha para a frente e trava a fundo. Fica a 5 centímetros do carro que se preparava para virar à esquerda. Dá graças ao engenheiro mecânico pelo design ultra-seguro. Primeira, embraiagem, acelerar, seguir viagem. A música cinzenta abrandava-lhe o coração. Subiu a rua, parou nos semáforos, viu o céu amarelo, atravessado pelas nuvens cinzentas do fim de tarde, fez a curva, fez outra e na terceira largou o volante, atravessou a cerca, e bateu contra uma árvore. O telemóvel tocava. Era a melhor amiga, preocupada porque ficara de a ir buscar para jantar e ela não estava. Um agente da PSP atendeu, e depois de se identificar, acalmou-a e indicou o local do acidente, pedindo também o contacto dos pais para os informar do óbito.

15.2.10

A Mecânica

Ele entrou na oficina. Chamou, ouviu ao fundo uma voz fina, mas rouca. "Entre, por favor. Estou aqui ao fundo." Entrou, passo a passo. Quase como se a multidão imaginária dum corso numa cerimónia religiosa o atrasasse. Espreitou, perguntou outra vez. Ouviu: "Aqui. Estou aqui dentro." "Ah. Boa tarde, É o senhor Moreira?" "A Senhora. Esta garagem é minha." Ele reparou então como uma rapariga com pouco menos de 25 anos estava dentro do seu carro. Ela continuava a ligar o cabo vermelho na entrada vermelha, o cabo preto na entrada preta enquanto respondia. Qual puzzle de crianças. Pontas de cabelo loiro saíam das manchas de óleo. A Sra. Moreira estava a trabalhar no rádio do carro que ele tinha deixado lá. Tão admirado de ver uma pele tão fresca já tão familiarizada com o interior de automóveis, quase se esquecia do que o tinha levado lá. "Está quase pronto. Demorou mais um bocado porque havia complicações que não eram visíveis à primeira. A entrada do rádio não correspondia ao cabo. É só mais uns minutos." "Oh sim - claro, não há problema. Pois, vim agora porque o seu funcionário tinha dito para vir depois de almoço. Eu espero, tenho tempo." Ela levantou os olhos por um segundo para olhar para ele e fez um sorriso sem dentes. Um sinal de simpatia que alguém lhe ensinara. Alguém com óculos redondos pousados a meio da cana do nariz; com rugas inteligentes na testa. Umas sobrancelhas quase invisíveis e um sorriso terno e meigo. Ele afastou-se um pouco. Olhou em volta para os outros carros ainda por concertar. Caminhou um pouco com as mãos nos bolsos pela garagem. Os carros recebiam a luz do sol do meio-dia pelas telhas de vidro, transparentes. Brilhavam ali parados. Como brilhariam igualmente numa estrada de montanha vazia. Os seus faróis redondos, quadrados, ovais igualavam olhos vazios. Os espelhos salientes, orelhinhas. Sentou-se num contentor de onde podia estudar a menina trabalhadora e imaginou a sua história.

4.2.10

Análise fotográfica

Encontrei uma fotografia tua. Duma festa de faculdade, uma festa histórica que todos ainda relembram quando conhecem alguém que andou na mesma faculdade. Tinhas as bochechas coradas, de quem andava a divertir-se bem. Vê-se, porém, no teu olhar de menina abandonada, que foste contra os contos de fadas em que vives antes de adormecer. Esse copo na tua mão é um dos muitos que vais buscar, desde que te habituaram a bebê-los um atrás do outro. Começaste por dizer: Não, obrigada. Não bebo. Só uma cola, por favor. Mas vias como eles se riam e dançavam como se não houvesse amanhã e como se as coisas que faziam fossem insignificantes. Ias aprendendo que essa felicidade momentânea vale mais do que a admiração que antes pensavas teriam por ti se mantivesses a tua felicidade constante e inocente. Depois aprendeste que tinham inveja de conseguires sobreviver a todo o horror da sociedade. Junto com isso, foste aprendendo as leis do mundo e da vida. Com a idade, vêm a noção. Antes disso, só te importa o que vês nas novelas, e que antes se lia em livros. Historias de meninos e meninas que se apaixonam e vivem felizes para sempre. Agora, há livros sobre coisas tristes. Outros são manuais para aprender a fazer isto, aquilo e tudo mais. Mas os que lês são principalmente aqueles que falam dos homens e mulheres que fazem asneiras porque querem dinheiro e poder. Já ninguém acredita no amor. São egoístas. Aprenderam que o melhor caminho é o que nos leva a vingar na vida. E o que é vingar na vida afinal? Do que temos de nos vingar? Depois de fazermos milhares de notas e moedas, vamos então preocupar-nos com assuntos do coração? Criar a nossa história de amor? Na fotografia tinhas o braço à volta de alguém, mas tinha a cara tapada por outra pessoa que saltou para a frente da câmara no momento do disparo. Quem era? A maneira como ele ou ela te agarrava a cinta parece contar uma história. Foi alguém que conheceste nessa noite? Não me parece. Acho que era alguém que já tinha entrado na tua vida há bastante tempo. A força que exercia na curva da tua barriga transmite um conhecimento da tua vida já mais avançado. Talvez até tivesse uma participação bastante activa nela. Segura-te ali, acompanha-te com um copo na outra mão. Guarda-te de outros que possam querer fazer-te mal. Mas não te guarda do que lês, do que vês, do que te dizem. Não evita que as catástrofes mundiais e catástrofes locais (não desdenhando) te tragam lágrimas à noite, quando estás sozinha, a ler. Chegas da cozinha com o cocktail que aprendeste a fazer ontem à noite. Pergunto-te pela pessoa tapada na fotografia e dizes que não te lembras quem era. Estavas tão bêbeda nessa noite, que nem sabias como tinhas chegado à cama, nem sentiste a tua amiga a tirar-te os sapatos.

12.1.10

One of those days

Hoje acordei a chorar. Chorei talvez… uma hora. Já não sei se era cansaço, se mimo. Cada vez valorizo menos os meus sentimentos. E cada vez eles estão mais à flor da pele.

5.1.10

Look at the stars. See how they shine for you.

One of those moments. You suddenly take a breath and remember. Thoughts come back. Those thoughts, the ones that take you somewhere, somewhere where nothing makes sense. Everything means nothing. You hate the stars because it seems the more you ask, the less they tell you. Just as that tear is about to break out, releasing you from constraining memories, you go back to life. Because you have to. But life, although it’s supposed to give meaning to your existence, seems to keep you further and further away from finding “yourself” in the nothingness of the Universe. But you have to go back. And keep going. Why? Don’t ask the stars, because they won’t tell.

27.10.09

Pedintes ao pequeno-almoço

Vens ter comigo na rua e falas-me como se me conhecesses. Como se tivesses confiança suficiente em mim que garantisse que eu te daria o que pedisses. Perguntas-me se tenho alguma coisinha que te possa dar. Como assim, alguma coisinha? Como me provas com essa pergunta que mereces que eu dispense o que a mim foi dado por ser herdeira do património dos meus pais, que passam um número de horas fora e dentro de casa a trabalhar, a fazer coisas que às vezes não gostam. Podes provar que o facto de não teres o que eu tenho não o tens apesar dos esforços e vontade de fazer por o ter? Não será preguiça, aquele pecado pendurado na cruz que trazes ao peito, o que fazes quando me pedes o que não tens direito de pedir? Se eu te pedisse agora para me contares a história atrás da tua mão estendida, dispensavas o teu tempo para, no fim, eu decidir se sinto compaixão e antes disso se acredito? Vês na minha cara que o dinheiro que tenho, os artigos que a tua mente radiografa pelos contornos da minha mala, são-me dados a mim por direito legítimo e não me é a mim atribuído o direito de tos ceder? Pois são-me dados como investimento, pois já comprovei que lhes dou bom proveito e no futuro contribuirei de volta, quer seja directamente para os meus pais, quer seja para o resto da sociedade, à qual eles também pertencem. E tu, contribuis alguma coisa? Que fazes para merecer a minha confiança e o meu contributo? Agora já não há dinheiro para piedade. Os mecenas exigem amostras antes de dispensarem o trabalho árduo. Mostra-me o que fazes! Se concordar, ajudo.

25.10.09

Caminhos Cruzados

Sentada no lugar do passageiro, a odiar o facto de ter escolhido aquelas calças, não tirava delas os olhos por vergonha. Enquanto forçava um pensamento, procurava as palavras para o formar e tornar audível, não podia levantar os olhos das marcas pretas nas minhas pernas. Com a impaciência pelo meu próprio raciocínio, desfiz conscientemente o plástico que cobria os lenços de papel quase sem me aperceber. E os olhos cravados no perfil do meu olho esquerdo, a minha bochecha que esconde a metade visível dos meus lábios quando vista de lado, esses olhos mais pressão fazem. Esta pressa da consciencialização, a ânsia pelo conhecimento e definição do saber. A necessidade desta transmissão versus a necessidade daquele encobrimento. Porquê, fará sentido? É como devia ser? Devia ser alguma coisa? Ofereces-me este caminho, que eu tomo por não querer a alternativa que é o caminho solitário. Esse é sombrio e nele correm assobios do vento. Ouço isto à entrada da bifurcação. No caminho pelo qual me levas, espreitam furos. E do outro lado, está o outro caminho. Diz ele, vem, podes sempre voltar. Eu ouço, mas não obedeço. Este caminho é mais confortável. Cedo à preguiça, espreitando sempre de lado para a independência. Mas a independência é tão triste, embora forte. Mas ainda não te dou a mão. Ainda não ma ofereceste. Vou oscilando entre os dois caminhos. Vou furando pelos buracos, mais apertados à medida que o caminho cresce. Espero só no último buraco ficar do lado mais iluminado e quentinho.

18.10.09

Regresso

Reabri este blog. Vamos a ver se uma nova fase se distingue tão claramente como eu me distingo de quem era quando o deixei sujeito ao pó. Agradeço desde já todas as visitas.

16.8.08

Nova Morada

Hey! Mudei de casa, mas não desapareci do mapa visitem antes: http://yanay.blogs.sapo.pt enjoy* * Jani

14.8.08

Futebol Chinês

Alguém já ouviu falar? Até ontem, acho que foi ontem, pobres coitados, eu não sabia que este jogo também se incluía nos Jogos Olímpicos. Já não bastam os campeonatos todos.. E os infortunados dos anfitriões de perna curta foram logo enfrentar o Brasil. Os lendários. Estes últimos pareciam adolescentes, a brincar ao futebol com criancinhas. Mesmo assim, as ditas criancinhas corriam sem coragem atrás da bola. Faz sentido?

11.8.08

Divago

Depois de passar quase vinte e quatro horas fora de casa, estou hoje sonâmbula à janela… Nunca pensei ter saudades de trabalhar. Ainda que fosse um emprego invulgar. Ser VVM – Voluntário da Viagem Medieval -- tem muito que se lhe diga. Não passa só por uma experiência de trabalho, mas também pela construção de redes de amizade e convívio. É toda uma viagem ao centro de nós próprios. Inspira-nos, pelo menos a mim, a experimentar coisas diferentes. Incita-nos a querer fazer seja o que for, porque pode estar lá o verdadeiro “eu”. Divago. É normal num dia em que até as pintinhas nas pernas me distraem. O que quero dizer com tudo isto é que valorizo muito esta experiência e valorizarei qualquer outra experiência de trabalho que tenha daqui em diante. Agradeço à biblioteca municipal por ter proporcionado aquela folhinha de inscrição no balcão da frente, naquele dia. Agradeço aos meus colegas da Floresta Encantada por me terem mostrado que fechada em casa não trago bem nenhum ao mundo nem a mim. Já me posso garantir que foi um verão bem passado.

31.7.08

I sat there, in my own filth in the bathtub… thinking, wondering if we had ever been that close. If I’d ever truly, actually liked you. If our relationship really was what it was. The dark water always keeps the truth from me. It is never clear. Neither were you.

14.6.08

Dream, Dream, Dream...

Hoje sonhei que estávamos sentadas na cama da minha mãe, a mostrar coisinhas que tínhamos angariado ao longo do ano em que nos separámos. Contávamos as novidades todas, a história da nossa vida desde aquele dia fatídico quando a amizade falhou em prol da diversão e desmotivada pela depressão. A minha mãe não aprovava. Estava na cozinha, a descarregar a raiva nos pratos. E nós íamos vendo o quarto perder luz, rindo e falando, como se as saudades ultrapassassem o orgulho. Fora a culpa minha, fora tua… Era passado, não interessava. E quando acordei, já não sabia mais o que interessava. Se queria ou não este sonho. No fundo, o que não fez sentido p’ra ti significava tudo p’ra mim. Gosto de fazer testes surpresa, porque é em situações inesperadas que se avalia a preparação social. Mas, porém, todavia, contudo… Seria exagero meu?! Teria eu esperado demasiada confiança em retorno? Quando acordo, volto a acreditar que não fui eu, que foste tu. Em sonhos, volto a sentar-me contigo na cama, em risos e patetices, como deixámos de estar muito antes do dito apocalipse fraternal.

14.5.08

You see me here in the corner. Or maybe you don’t. If you do.. you don’t see what I am. You don’t see my art. Or my knowledge. You don’t see my life. My personality. All you see is my bored face. Or silly gestures. You don’t see my double life. You don’t see the scars in my heart. You don’t hear me speaking other languages, playing instruments or singing. You don’t see me dancing. You don’t. Not unless you sit. Sit and watch me for a while. And study my body language. My hands, my arms, my back and my legs. They will show you that I do more than sit in the corner, staring underneath my eyebrows. Because I study you too.

29.4.08

I need you to love every single part of me.

Love my small ears, my frizzy curls,
my twisted toes, my crooked legs,
my thin ankles and narrow waist
and even my eyelids.
My small lips, long eyebrows,
hairy arms, fat cheeks, bellybutton,
strong thighs, big lungs,
Irish heritage, Latin skin tone, British arrogance,
changing tastes, selfishness, problematic personality,
lack of atyle and attention, life experience and options.
Love me for me.

15.4.08

Will you keep me company? Will you help me believe? Will you make me feel safe? I want to feel good around you. I want to feel at ease. I want to know I can trust you. Please come and be my 'prince charming'. I need you. Please make my dream come true, whatever my dream is.
I believe you will. OK, I'll wait.

14.4.08

Quando escreves um texto p’ra mim? Quando me agradeces por ter limpado os destroços dos teus atentados? Quando reparas que eu me dediquei ao que tu abandonaste? Quando reparas que eu que estou aqui, e que respondo aos teus súbitos interesses de quando em quando, também gostava que te sacrificasses um pouco por mim? Quando percebes que quando dizes ‘passar tempo comigo’ p’ra mim não significa nada? Porque eu te perdi. E cada vez mais te perco mais para sempre? Quando percebes que agora és dois? Quando percebes que nunca mais serás quem eu conheci? Quando percebes que és outra pessoa e não podes voltar ao passado? Que não poderemos ter o que tínhamos? Nunca, nem por uma noite. Quando vês que onde passas só fazes merda? Que o teu orgulho te transcende? Quando percebes que não sabes o que fazes? Quando percebes que és o amor e a paixão e eu sou a amizade? Quando percebes que eu limpei as lágrimas que provocaste? Sabes o que fiz por ti? Ou tentei fazer? O que fizeste tu por mim? Por deixares merda p’ra trás, por criares crateras à minha volta, não te vejo mais. Também porque não rodo em tua volta. Também porque vou aonde preciso, quando quero, se me apetecer. Tu não vens. Porque tens vergonha. Não. Não queres admitir que não soubeste resolver. Que não olhas p’ra trás. Porque p’ra frente é que é o caminho. Oxalá, para teu bem. Eu sou o teu varredor. Tu és o camião TIR. Passas, abalas meio mundo, arrastas outro meio. Tu és o furacão. Eu limpo. Eu suavizo. Eu recupero. Tu não me vês. Não com olhos de ver, nem coração de sentir. Tu vives. Eu sobrevivo. Tu tens. Eu sonho.

Não é justo p'ra esquerda ser torta

Esgotei o lado direito. Sinto-o pesar-me, como se já se quisesse reformar. Apetece-me enfiar a mão dentro do ouvido e puxar de lá o que me aflige. Afinal, o que tem o lado direito de especial? Porque trabalhamos automaticamente o lado direito, se o lado esquerdo interessa mais? É do lado esquerdo que temos o coração, a única parte do corpo que pende mais para um lado. Quero escrever, digitar, desenhar, pegar, empurrar, puxar, tudo com a mão esquerda. Preguiçosa, não faz nada. E esta pressão que dá cabo por mim, simplesmente por existir. Por estar lá. Cá. Isto não tem conotação metafórica absolutamente nenhuma. Estou a escrever o que sinto literalmente, não como de costume escrevo, inventando imagens e comparando-as comigo. Avariei do lado direito.

29.3.08

Odeio ir dormir.

Odeio a hora de adormecer. É como uma declaração de mais um dia acabado. Por isso a atraso ao máximo. Pode-se dizer que é o meu complexo de Peter Pan, mas a verdade é mesmo que tenho medo de perder a adolescência antes do tempo.
Agora que estou menos adolescente do que aos meus 16 anos, temo não me voltar a divertir inconsequentemente enquanto tenho desculpa.
Amanhã é mais um dia, mas também é mais responsabilidade... Cada dia me aproxima mais da idade adulta e isso assust-me porque, por mais que anseie a liberdade financeira e o fim do curso, gostava de os ter antes dos 20, enquanto ainda tenho o título de 'teen', e logo, o direito à parvoíce: as manhãs na cama, a ressonar; o quarto em pantanas; os doces e guloseimas; noitadas -- que já acabam mais cedo; longas conversas por SMS; "merda"s; "porra"s; "cena"s; "fogo"; "'tá tudo"; "na boa"; "sharop" (gíria privada); "coiso"...
Não se pode mudar a sociedade. É nesta idade que estudo, mas é nesta idade que me divirto.
É quase uma opção, porque a simultaneidade tem um preço elevado no futuro.

28.3.08

"WORK like you don't need the money

LOVE like you've never been hurt

DANCE like nobody's watching"

7.3.08

Conclusões amargas

Estás aí, no país. Deixaste-me para trás na paisagem. Agora faço parte dela, sabes?! Finalmente percebi o meu lugar no mundo. Acaba por não ser bem o que imaginava, nem o que mais queria, mas é aceitável. A casa é onde está quem amamos. Tu já fizeste a tua casa. E podes facilmente transportá-la contigo.
Estás de vida feita. Não precisas de mais ninguém, senão da tua casa. Pois está mal; há quem precise de ti também. Tenha precisado e continue a precisar. E não só nos momentos maus! Saibando ou não, constuíste-me também. Com as pedras que me deste e que me atiraste intencionalmente ou não, constuí o meu castelo. Ou os seus alicerces, pelo menos. (O projecto só acaba no fim.) Agora, já não me queres dar mais. Dizes, falas, mas não fazes. E eu, por influência, também não faço. Já cresceste. És gente crescida. Fico contente, porque estavas ansiosa por isso. Mas fico triste por não poder partilhar a adolescência que me resta contigo. Fizeste-me aproveitá-la tanto... Nem tinha noção. E agora, está enregelecida no canto do congelador. E a tua está atrás duma parede. Sim, porque sempre tiveste medo de a mostrar. Por alguma razão, não te orgulhas da tua experiência de vida.
Eu não sabia, mas agora compreendo.

19.2.08

"I wonder"

I wonder if people talk about me… me and my friends, my life. I wonder if they wonder why I do certain things, take certain attitudes, and say certain things. I wonder if they get the right idea, if they can really guess what actually goes on behind my skin. I wonder if they care.

2.2.08

I may not be who I wanted to, but I like who I am.

I have learnt to accept my flaws and cherish my qualities. I see the positive side in my flaws, which I consider to be things I wanted to be, but am opposite. For instance: I am not physically attractive. I don't make all the boys fall in love with me. The good thing about that is that I can be appreciated for my personality and not what I look like.

18.1.08

Multicoloured Keyboard

One day Chris asked me: "Daddy, what does it feel to be able to play the piano?" So I answered: "Well, you see the big white keys and the small black keys? They may be only two colours, but when you gently slide your fingers up and down the keyboard, they make rainbow music. Do you know what rainbow music is?" Chris looked flabbergasted. After a few seconds he realized he had dropped his jaw and was gazing at the keys. He shook his head and turned to me with a whispered: "No." "Rainbow music brings millions of colours to your mind. You've heard rainbow music before, haven't you?" "Yes!" he jumped. "Yes, I hear you play it all the time, Daddy. I love rainbow music." "Son, that's very nice. Thank you." "Why?" He was only 5, what could he understand about compliments?! “Never mind. Just listen.” I took a mild breath, closed my eyes for a second and pressed my fingertips on the keys to make a chord. They say the do-mi-so do-mi-so is a happy tune because it makes you feel good. I can confirm it. As I continued playing the memorized key sequence the soothing sounds would come one after the other. So simply. It was like the piano was playing on its own and I was merely the maestro, or maybe just a battery. “But you don’t have the music papers on the stand!” “That’s right. That’s because I don’t like reading music. I prefer to memorize it, so I can play with my eyes closed and so it flows more naturally. Also, I can cheat and give the song my special touch, so that it belongs to me only.” It’s called the artist’s selfishness.

25.11.07

Estou morta que cheguem as férias do Natal, p'ra poder parar este vaivém!

7.11.07

Inesperadamente, o café no leite ao pequeno-almoço, a musiquinha no ouvido a fazer companhia até à aula, o sol absurdamente quente para um dia de Outono, a aula de chinês com a professora sempre super bem-disposta e o chocolate de 70%cacau na mala faziam-me cantarolar p'ra mim e sorrir p'ras gaivotas. Estranhamente, de súbito e sem motivo aparente. Assim: estava feliz simplesmente.

13.10.07

lama de LRE

Aveiro está a ser... como hei-de dizer..? no fundo, está incorrecto. Deveria dizer antes: eu estou a gostar da experiência. Domingo é, mais uma vez, um dia deprimente. Não tanto por significar o regresso às aulas, mas também por ser uma despedida regular. Da mãe, da irmã, dos gatos, e do quartinho -- o meu santuário. De qualquer maneira, estou a ganhar uma nova casa, um novo quarto e, com isso, uma nova fase e uma nova forma de vida. Tudo mudou: rotina, caras, sítios, hábitos, problemas, soluções, responsabilidades. Já não sou a Jani que mora e estuda em SMF. Ainda não sou alguma coisa. Já faltou mais. Não me posso queixar. Mas ainda não estou de todo excitada com a mudança. Esperemos mais um pouco.

16.9.07

Colocações na Universidade 2007/2008

Foi hoje. Às duas da manhã, no portátil. Só o sorrisinho na bolinha azul, toda pimpona e feliz por mim e pelos meus colegas caloiros, e depois a confirmação à frente e o nome de curso correcto eram tudo que precisava. Ainda mais a terceira posição. Posso dizer que, mesmo com 6 horas de sono, foi um domingo de realização pessoal. Venha daí mais. Para mim e todos os outros =D